- Professora, como a gente escreve…?
Ela não me deixou concluir a pergunta. Mandou-me voltar para o meu lugar e não me atrever mais a interromper a aula. Dobrei o papel e o guardei no bolso.
Quando retornei para casa, naquele dia, me lembrei do desenho e o tirei do bolso. Alisei-o bem sobre a mesa da cozinha, fui até minha mochila, peguei um lápis e olhei para o grande círculo vermelho. Minha mãe estava preparando o jantar, indo e vindo do fogão para a pia. Eu queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para ela e disse. Mamãe, como a gente escreve…?
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela. Dobrei o desenho e guardei no bolso.
Ela não me deixou concluir a pergunta. Mandou-me voltar para o meu lugar e não me atrever mais a interromper a aula. Dobrei o papel e o guardei no bolso.
- Menino, não dá para ver que estou ocupada agora? Vá brincar lá fora. E não bata a porta, foi a resposta dela. Dobrei o desenho e guardei no bolso.
Naquela noite, tirei outra vez o desenho do bolso. Olhei para o grande círculo vermelho, e peguei o lápis. Queria terminar o desenho antes de mostrá-lo para meu pai. Alisei bem as dobras e coloquei o desenho no chão da sala, perto da poltrona reclinável do meu pai e disse:
- Papai, como a gente escreve…?
- Estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta. Dobrei o desenho e o guardei no bolso novamente.
- Papai, como a gente escreve…?
- Estou lendo o jornal e não quero ser interrompido. Vá brincar lá fora. E não bata a porta. Dobrei o desenho e o guardei no bolso novamente.
No dia seguinte, quando minha mãe separava a roupa para lavar, encontrou no bolso da calça enrolados no papel, uma pedrinha, um pedaço de barbante e duas bolinhas de gude. Todos os meus “tesouros” que eu catara enquanto brincava fora de casa. Ela nem abriu o papel. Atirou tudo no lixo.
Os anos passaram…
Quando tinha 28 anos, minha filha de cinco anos, fez um desenho. Era o desenho da sua (minha) família. Sorri quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e me disse.
- Este aqui é você, papai!
Olhei para o grande círculo vermelho feito por minha filha ao redor das figuras, e lentamente comecei a passar o dedo sobre o círculo. Ela desceu rapidamente do meu colo e avisou:
- Eu volto logo!
E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos meus joelhos, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou.
- Papai, como a gente escreve amor?
Abracei minha filha, tomei a sua mãozinha e a fui conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia:
- Amor… Amor, querida, se escreve com as letras T…E…M…P…O (TEMPO).
Os anos passaram…
Quando tinha 28 anos, minha filha de cinco anos, fez um desenho. Era o desenho da sua (minha) família. Sorri quando ela apontou uma figura alta, de forma indefinida e me disse.
- Este aqui é você, papai!
Olhei para o grande círculo vermelho feito por minha filha ao redor das figuras, e lentamente comecei a passar o dedo sobre o círculo. Ela desceu rapidamente do meu colo e avisou:
- Eu volto logo!
E voltou. Com um lápis na mão. Acomodou-se outra vez nos meus joelhos, posicionou a ponta do lápis perto do topo do grande círculo vermelho e perguntou.
- Papai, como a gente escreve amor?
Abracei minha filha, tomei a sua mãozinha e a fui conduzindo, devagar, ajudando-a a formar as letras, enquanto dizia:
- Amor… Amor, querida, se escreve com as letras T…E…M…P…O (TEMPO).
Conjugue o verbo amar todo o tempo. Use o seu tempo para amar. Crie um tempo extra para amar, não esquecendo que para os filhos, em especial, o que importa é ter quem ouça e opine, quem participe e vibre, quem conheça e incentive. Não espere seu filho ter que descobrir sozinho como se soletra amor, família, afeição.
Por fim, lembre-se: se você não tiver tempo para amar, crie. Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo… bom, o tempo é uma questão de escolha."
Por fim, lembre-se: se você não tiver tempo para amar, crie. Afinal, o ser humano é um poço de criatividade e o tempo… bom, o tempo é uma questão de escolha."
Oi Andréa!!
ResponderExcluirQue texto...!!!
Ensinei com carinho muitas coisas aos meus filhos, mas ínumeras vezes tbm, disse que em determinado momento não tinha tempo! Este texto é para ser lido antes de sermos pais!!
Tô entrando no seu cantinho e tenho certeza que vou ficar, pois o abre alas é sensacional!!
Beijos!!
Olá, Carmen!
ResponderExcluirAcho que isso já ocorreu com todos os que são pais e mães. O mais importante é que esse comportamento não vire rotina. Que dediquemos o maior tempo possível aos nossos pequenos, dando-lhes muito carinho e expressando nosso amor incondicional.
Obrigada pela visita.
Bjos e volte sempre que possível.
Lindo, quantas vezes já fiz isso? E o pior é ter consciência de tudo, acho que a culpa é ainda maior... mas estou aprendendo, espero que em TEMPO!
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