quinta-feira, 29 de setembro de 2011

FAMÍLIA E ESCOLA: parceiras ou rivais?

Imagem: colegioruibarbosa.g12.br 
 

Nas primeiras horas da manhã de hoje, uma amiga abordou-me com a seguinte pergunta: “Você acha que a sociedade pode cobrar dos nossos filhos pelo tipo de educação que lhes damos?”
Disse-lhe o que pensava a respeito. Mas, seguindo meu caminho, passei a pensar que tipos de filhos estamos educando e em que medida a escola de hoje é responsável por eles/as. Pouco tempo depois, ouvia na rádio local uma entrevista com um diretor de escola pública acusado de não cuidar da limpeza da instituição da qual é o gestor maior.
Ele reclamava da quantidade de recursos públicos utilizada a cada ano para repor as mesmas coisas na escola: lavatórios, torneiras, lâmpadas, vasos sanitários... por conta do vandalismo no interior da instituição “educacional”.
Mais tarde, navegando pela internet a procura de um tema totalmente diferente, cheguei ao texto que segue, atribuído a Abraham Lincoln, que teria sido escrito em 1830:

"Caro professor, ele terá de aprender que nem todos os homens são justos, nem todos são verdadeiros, mas por favor diga-lhe que, por cada vilão há um herói, que por cada egoísta, há também um líder dedicado, ensine-lhe por favor que por cada inimigo haverá também um amigo, ensine-lhe que mais vale uma moeda ganha que uma moeda encontrada, ensine-o a perder mas também a saber gozar da vitória, afaste-o da inveja e dê-lhe a conhecer a alegria profunda do sorriso silencioso, faça-o maravilhar-se com os livros, mas deixe-o também perder-se com os pássaros do céu, as flores do campo, os montes e os vales.
Nas brincadeiras com os amigos, explique-lhe que uma derrota honrosa vale mais que uma vitória vergonhosa, ensine-o a acreditar em si, mesmo se sozinho contra todos. Ensine-o a ser gentil com os gentis e duro com os duros, ensine-o a nunca entrar no comboio simplesmente porque os outros também entraram.
Ensine-o a ouvir a todos, mas, na hora da verdade, a decidir sozinho, ensine-o a rir quando está triste e explique-lhe que, por vezes, os homens também choram. Ensine-o a ignorar as multidões que reclamam sangue e a lutar só contra todos, se ele achar que tem razão. Trate-o bem, mas não o mime, pois só o teste do fogo faz o verdadeiro aço, deixe-o ter a coragem de ser impaciente e a paciência de ser corajoso.
Transmita-lhe uma fé sublime no Criador e fé também em si, pois só assim poderá ter fé nos homens. Eu sei que estou a pedir muito, mas veja o que pode fazer, caro professor".

Mesmo sabendo que não existe receita pronta para a educação de ninguém, seja no núcleo familiar ou na escola, creio que alguns princípios e valores éticos e morais não deveriam cair em desuso.
Mesmo com todo individualismo presente na sociedade contemporânea, onde imperam a concorrência (muitas vezes desleal) e o consumismo desenfreado, sempre levando vantagem aquele é mais “esperto” em cada situação, é preciso que sejam impostos certos limites a cada um, desde muito pequenos.
Crianças e adolescentes, em especial, precisam ter muito claros quais os padrões de conduta comportamental que se espera deles. Muitas vezes, quando reclamam e contrariam ordens apenas querem certificarem-se de que os adultos estão confiantes em sua decisão.
Nesses casos, agir com firmeza, mas sem autoritarismo, passa a sensação de segurança. Firmeza sem violência não é sinal de desamor, mas de confiança e responsabilidade.
Diante de atitudes de vandalismo e desrespeito nas escolas, já ouvi muitas vezes de profissionais da educação: como será em suas casas? Apesar de entendermos que cada família tem o próprio “padrão de comportamento”, seu limite aceitável de desrespeito às regras e normas sociais, é preciso compreender que nosso limite não pode invadir o limite do outro.
É na vida em sociedade, e a escola é um dos primeiros círculos sociais da criança, que vamos praticando as normas que aprendemos em casa, ou pelo menos, já deveríamos ter aprendido.
Os valores morais, éticos e estéticos introspectados na primeira infância dão o tom no comportamento de cada indivíduo por toda sua vida. Daí a importância de que dediquemos tempo para diálogos e muitos exemplos a serem seguidos.
Içami Tiba, em seu livro Disciplina, Limite na medida certa, diz que “hoje, os grandes responsáveis pela educação dos jovens – na família e na escola – não estão sabendo cumprir bem seu papel. É a falência da autoridade dos pais em casa, do professor em sala de aula, do orientador na escola”.
Daí o colapso nas instituições escolares que não conseguem nem cumprir seu papel de instruir formalmente nem o que seria atribuição dos pais e responsáveis: a formação de valores e princípios para a vida autônoma em sociedade.
Educar para a autonomia é dar liberdade de ação com responsabilidade, dentro da capacidade que cada sujeito apresenta em cada momento de sua vida. Crianças e jovens podem e devem tomar certas decisões sozinhos, sempre orientados por seus responsáveis seus atos.
Para que aprendam a respeitar, é preciso que sejam respeitados. Se há desrespeito mútuo, surge a indisciplina.
Também os adultos precisam arcar com as consequências de suas decisões e atitudes. Se dizem SIM ou NÃO, uma vez deve ser suficiente. Caso contrário, não adianta repetir dezenas de vezes. Melhor explicar uma vez apenas o motivo da decisão. Não devem mudar de ideia apenas para não serem perturbados com a mesma história. A permissividade acaba gerando confusão e fragilidade na criança ou adolescente, que perdem, ao menos em parte, sua referência de conduta.
Portanto, a liberdade desejada por cada um de nós é construída paulatinamente, desde os primeiros dias de vida, estendendo-se da família aos círculos sociais mais amplos. Sem boas referências familiares pouco se pode construir nas instituições educativas.
Dessa forma, continuo a indagar: como podem os pais exigir que as escolas eduquem seus filhos se não formam a base ética e moral dos mesmos?

5 comentários:

  1. Querida, adorei o seu texto e precisa se utilizar desse talento para a escrita...e o tema tão atual e tão delicado, me parece que a linha que separa o papel de cada um na sociedade (família e escola) está cada vez mais tênue, ninguém mais está sabendo onde começa uma responsabilidade e termina a outra...estamos vivendo um momento de bastante confusão, com cada um empurrando para o outro a responsabilidade sobre o futuro da sociedade que estamos construindo sem seus principais pilares: valores, respeito, moral, ética e, acima de tudo, Deus.

    beijos

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  2. Oie,vim conhecer seu Blog,amei e já estou super seguindo!
    Parabêns pleo Blog e muito sucesso pra ti!

    Te convido para conhecer meu Blog e se gostar e puder seguir,será muito bem vinda,sinta-se em casa!

    Beijinhos no core!

    http://umamulherbemvestida.blogspot.com

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  3. oie!
    vim devolver a visita e conhecer seu cantinho!
    já estou te seguindo também.
    Quero estar super a par das novidades!!
    bjo, bjo
    Feliz 2012
    contosdeumacasafeliz.blogspot.com

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  4. Belo texto Andréa!!!
    Percebo que cada vez mais, as famílias estão educando menos as crianças e infelizmente empurrando essa missão para outros.
    Graças a Deus tive pais, que não se omitiram das suas responsabilidades. Minha mãe sempre falava que educação vem do berço.
    Criei meus filhos da mesma forma, deixando para a escola apenas o ensino que lhe cabe.Mas quando penso a respeito, imagino que parte do problema é o fato das mães trabalharem fora e deixarem as crianças aos cuidados de pessoas, que muitas vezes não têm interesse de ensinar nada a criança, apenas "tomar conta" enquanto a mãe está fora. Com isso, não digo que a culpa seja da mulher, mas sim da vida moderna e suas exigências.

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  5. Oiii. Obrigada eplo comentario e carinho no meu blog, seja bem vinda. agora, nunca comi banana com chocolate não...um dia vou arriscar rsrsrs

    bjs

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