sexta-feira, 22 de julho de 2011

AVALIAÇÃO PSICOPEDAGÓGICA DO DESENHO INFANTIL (PARTE II)



                         
O DESENHO E O SÍMBOLO NA CRIANÇA

Ao utilizarmos o desenho como instrumento de avaliação, é necessário buscarmos o significado de cada elemento presente na figura e suas conexões com os sentimentos do examinado. Segundo Piaget (1990, p.218), a metáfora é caracterizada como símbolo pela conexão existente entre a imagem empregada e o objeto, “não imposta por convenção social, mas sentida diretamente pelo pensamento individual”. Cabe ao investigador conseguir chegar ao sentimento gerador da alegoria no indivíduo.
Sobre o uso de provas e testes, Weiss (2008, p.103), adverte: “Por ser apenas um meio auxiliar, é fundamental a observação acurada, a escuta durante o processo de execução e a leitura psicopedagógica possível de ser feita do produto realizado”.
Quanto ao símbolo, Piaget ainda classifica-o em consciente, quando “a significação é transparente para o próprio sujeito”, e inconsciente, “de significação oculta para o próprio sujeito”. Embora faça esta classificação, reconhece mais adiante que “todo símbolo é, ao mesmo tempo, consciente e inconsciente” (p.221).
Mesmo tendo consciência de que está sendo “examinado”, o indivíduo não tem certeza sobre o que será revelado através dos seus desenhos, mesmo quando imagina um significado para cada figura desenhada, outras significações podem estar ocultas, sendo possível que sejam reveladas através do olhar atento do observador e da verbalização sobre as experiências, sentimentos e emoções vivenciadas pelo sujeito.
Esse ocultar de significados pode ser gerado pelo desconhecimento (consciente) ou pela impossibilidade de citar ou comentar um fato ou experiência, pois
...além de sua significação imediata e compreendida pelo sujeito, significações mais profundas, exatamente como uma idéia, além do que ela implica conscientemente o raciocínio que a utiliza no momento considerado, pode conter uma série de implicações que escapam momentaneamente ou desde longo tempo ou mesmo que escaparam sempre à consciência do sujeito pensante. (PIAGET, 1990, p.222)
Quando uma criança cria personagens através de seus desenhos, de certa forma está contando sua história, uma vez que tudo o que desenha ou verbaliza faz parte daquilo que a mesma conhece, que está ao seu alcance imediato.


(continua...)

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